Tenho um filho.
A maioria das pessoas diz que é calmo.
Eu digo que tem os dias dele.
Como todas as crianças, tem os seus momentos de folia em que extravasa euforicamente.
Sempre disse que não suporto crianças mal educadas,
e que das piores coisas que me podia acontecer era ter um filho-daqueles-que-nos-envergonha
[apesar de nunca sentirmos vergonha deles...há alturas em que qualquer buraco é válido...]
em qualquer lado.
Temperamental como a maioria, especialmente na fase das descobertas, já houve situações pontuais em que me revi em na presença de comportamentos que sempre abominei.
Assim começaram as regras.
Com a rigidez própria para uma criança de 21 meses,
para quem tudo é brincadeira e diversão.
Há uma linha muito ténue entre um pulso firme e ditadura.
Lá por casa sou liberal.
O suficiente, para que quando o repreendo,ele perceba que está a proceder mal,
e que caso não altere o comportamento vão existir represálias.
[dito desta forma, parece que o deixo sem comer uma semana!]
Há dias em que funciona melhor, que noutros.
Sim, eles são muito pequenos.
Sim, eles [alguns] podem não compreender muito bem o que lhes é dito.
Mas compactuar com determinadas actitudes, é dar-lhes o livre arbitrío de procederem da forma que quiserem.
Tenho uma amiga que tem um filho.
A maioria das pessoas chama-lhe selvagem.
Eu [tento a muito custo!] dizer que tem os dias dele.
Como todas as crianças tem os seus momentos de folia, em que entra em qualquer sitio, se descalça,
atira com as almofadas para o chão, começa aos gritos e manda ao ar tudo o que estiver à mão de semear.
Pela diferença de idades, sempre pensei que "quando o meu chegar aquela altura talvez seja igual",
mas o que é facto é que me lembro dele ser da idade actual do meu, e já ser assim. Smpre foi.
Em casa, o Pai é rigido, daqueles à antiga, que não se coíbe de levantar da mão e lhe bater à séria.
A mãe chama-lhe pequeno Tarzan, como que a considerar que é uma vitória ter um filho assim.
Quando digo "assim", falo de uma criança que entra numa loja aos gritos,
e sai de lá 1hora depois ainda aos gritos.
E o mais engraçado é que lhe vejo no olhar, um ar complacente , ao jeito de :
"Coitadinho do teu filho, ele deve ser infeliz, ou alguma coisa do género para ser assim!"
